Os perigos da toxicodependência

Francisco Muniz



No terceiro capítulo de seu livro Reencontro com a Vida (psicografia de Divaldo Franco), ora em estudo em nossa Seara, o Espírito Manoel Philomeno de Miranda tece preciosos comentários acerca da toxicodependência, isto é, do vício em substâncias psicoativas, incluindo-se aí as drogas lícitas e ilícitas. Segundo o autor espiritual, uma variedade de causas respondem por esse drama que acomete principalmente a juventude, algumas vezes desde a infância, perturbando pais e educadores que se veem incapacitados para resolver tão grave problema. Quanto às causas, Philomeno aponta aqueles decorrentes do egoísmo, que “solapa os ideais de fraternidade e de ventura coletiva”.

Recordemos que em O Livro dos Espíritos Allan Kardec questiona os Espíritos Superiores sobre qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família, para deles receber esta resposta enfática: “Uma recrudescência do egoísmo” (Q. 775). Também ali, no quinto capítulo do Livro III, sobre a Lei de Conservação, o Codificador trata dos limites traçados pela Natureza para o limite de nossas necessidades, por meio de nossa própria organização física (Q. 716). Respondendo, os Espíritos confirmam esse limite, mas ponderam que “o homem é insaciável” e que, a despeito do limite traçado pela Natureza, os vícios alteraram a constituição física do homem “e criaram para ele necessidades que não são reais”.

Percebe-se que as pessoas envolvidas em tal problemática são espíritos portadores de anomalias psicológicas devidas a seu estágio evolutivo a reclamar melhor atenção por parte da sociedade. A esse respeito, Manoel Philomeno salienta ser urgente “uma política séria sobre as drogas químicas, a fim de ser corrigida e mesmo evitada a drogadição e criados centros reeducativos para seus dependentes, através dos quais haja seriedade no estudo, análise e aplicação dos esquemas de educação para a infância e a adolescência, ao lado de confiável compromisso familiar no que diz respeito à estruturação psicológica do educando”.

Assim como na Obra basilar da Doutrina Espírita, cujo aniversário de 160 anos desde sua publicação em abril de 1857, em Paris, já suscita diversas homenagens, em seu livro Philomeno aponta os excessos como o principal vetor da drogadição. “Enquanto o vício se nos reflete no corpo, os abusos da consciência se nos estampam na alma, segundo a modalidade de nossos desregramentos.” Essa frase do Espírito Emmanuel, pinçada do capítulo intitulado “Alienação mental” do livro Religião dos Espíritos (psicografia de Chico Xavier), ajuda-nos a refletir acerca das consequências dos excessos.

Conta-se que no pórtico do Oráculo de Delfos, erguido em louvor do deus Apolo, na Grécia clássica, havia uma outra inscrição ao lado daquela imortalizada pelo filósofo Sócrates e aproveitada pelos Emissários de Jesus nas páginas de O Livro dos Espíritos (Q. 919) quanto ao conhecimento de si mesmo. Segundo os estudiosos da cultura helênica, essa outra expressão dizia apenas “nada em excesso”, levando-nos a considerar ser necessário ensinar a moderação em tudo, para que não se instalem na criatura desavisada os quadros pavorosos das obsessões, nas quais “hóspede e hospedeiro interdependem-se na usança das drogas devastadoras”, muitas vezes prolongando esse sofrimento no além-túmulo, como nos alerta Emmanuel na obra supracitada.

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